Quase em simultâneo com o lançamento brasileiro, a Penguin lança em Portugal “Como Enfrentar o Ódio”, do “youtuber” brasileiro Felipe Neto.
Ninguém pode acusar Felipe Neto de se conformar com os seus 46 milhões de seguidores e não se posicionar politicamente – e a assumir os riscos daí decorrentes. Essa é a postura normal de qualquer celebridade – dar nas vistas o mínimo possível quando se trata de uma era tão polarizada, mas não dele. O resultado foram duas tentativas judiciais de silenciá-lo, mais ameaças de morte e todo o ruído embrutecedor das redes sociais.
Aliás, essa é uma boa questão: seria improvável que, de todos esses seguidores, muitos não fossem eleitores de um presidente que fez 50 milhões de votos nas últimas eleições – sendo derrotado por uma margem mínima por Lula da Silva. Facto é que o “youtuber”, que praticamente dispensa apresentações e que construiu a sua fama ao longo dos anos com vídeos cada vez mais produzidos e cujos conteúdos variavam de apresentar curiosidades até as recentes viragens para os jogos (Minecraft, durante a pandemia) e retorno aos formatos que o tornaram famoso, acabou por ser uma pedra incómoda no sapato da extrema-direita populista – cujo governo representou o período mais sombrio da história do Brasil.
O livro é descrito como uma “tomada de consciência política” e da constatação do ódio na própria vida do autor – inicialmente como forma de dar impulso à sua carreira e, a seguir, como sendo ele uma vítima deste – um processo levado a cabo especialmente pelos apoiantes de Jair Bolsonaro. Felipe Neto aborda ainda a questão da internet e a forma como ela pode ser utilizada para manipular utilizadores, para além de propor o que ele designa como um “combate ao obscurantismo, o retrocesso e o ódio que assola a sociedade”.
Ele já foi referenciado pela revista Time como uma das 100 personalidades “mais influentes do mundo”.