O prestigiado autor angolano Ruy Duarte de Carvalho, conhecido pelo seu olhar multifacetado como poeta, antropólogo, cineasta e romancista, vê o primeiro volume da sua trilogia “Os Filhos de Próspero”, intitulado “Os Papéis do Inglês”, regressar às livrarias. Esta nova edição é publicada pela Tinta da China e chega em simultâneo com a estreia cinematográfica do filme homónimo, realizado por Sérgio Graciano, com guião em coautoria com José Eduardo Agualusa.
“Os Papéis do Inglês”, publicado originalmente em 2009, oferece uma narrativa que oscila entre factos e ficção, entrelaçando os eventos de 1923 – quando Archibald Perkings, descrita como uma figura conradiana, assassina um companheiro grego e se suicida na região do Kwando, em Angola – com a busca do narrador, décadas depois, pelos documentos que podem desvendar este enigma. Uma jornada épica por paisagens intensamente descritas do sul de Angola, que transcende o tempo e a geografia, segundo a sinopse.
Ruy Duarte de Carvalho, nascido em 1941 em Santarém e criado no Namibe, dedicou a sua vida a explorar as complexas relações entre cultura, paisagem e identidade. Entre os seus trabalhos mais conhecidos encontram-se “Vou Lá Visitar Pastores”, “As Paisagens Propícias” e “Lavra”. Faleceu em 2010, deixando um legado literário e intelectual a redescobrir, mesmo que conceituado entre o seio intelectual e cultural. O regresso de “Os Papéis do Inglês” pela Tinta da China promete reacender o interesse pela obra e pelo um dos mais importantes autores da literatura lusófona.
Roni Nunes