Será que tudo já foi explorado sobre a trágica história de D. Pedro e Inês de Castro? Ou há mais formas de revisitar esse imaginário que continua a fascinar os leitores de histórias dramáticas, de romances avassaladores, traição, vingança e morte? É isso que propõe Maria Helena Ventura no seu novo trabalho – “Acorda Inês – A Rosácea”. O lançamento é da Saída de Emergência.
A dimensão romântica e a dramaticidade desta história, que culminou com a morte de Inês de Castro no longínquo 1355 português (portanto, ainda em plena Idade Média) talvez seja a responsável pela eternização no tempo – tantas vezes reconstruídas (Camões incluído) ao ponto de criar uma verdadeira lenda.
Na narrativa original (alguns detalhes são cientificamente comprovados, como o assassinato da jovem e o luto do seu infeliz amante), Pedro I de Portugal, que seria rei em 1357, apaixonou-se pela dama de companhia de Constança, a sua esposa. Inês era uma nobre galega e a relação não foi de todo aprovada pela realeza lusitana. O rei D. Afonso IV, pai de D. Pedro I, teria ficado preocupado com questões dinásticas e mandou assassinar a jovem. Detalhes muito pitorescos, possivelmente inventados, dão conta de que já rei e em fúria, o monarca teria mandado exumar o corpo dela e feito com que todos no palácio lhe prestasse a vénia.
Já o trabalho de Maria Helena Ventura é apresentado como uma nova visão que tem como base “novas descobertas históricas” e “segredos não revelados” referentes aos acontecimentos de mais de 600 anos atrás. Como questiona a autora, seria D. Pedro I o homem forte e apaixonado inscrito na História, enquanto testemunhos falam de uma emocionalmente instável, com problemas de saúde mental, ataques de epilepsia e até atração por outros rapazes?
Inês, por seu lado, era para os cronistas medievais uma intriguista que o “enfeitiçou na cama”, enquanto o “cruel” D. Afonso IV tentou várias vezes que o filho assumisse o relacionamento e o legitimasse, coisa que ele negou. Essas e muitas outras querelas surgem no romance, apresentado como “uma história sem heróis nem vilões, feita apenas de homens e mulheres que tiveram as suas paixões, cometeram os seus erros e viveram as suas tragédias”.
